Dilma ou a tristeza de um chester que voa com asas de morcego

Não sei se foi na cerimônia de posse ou se foi antes do primeiro discurso que o fato ocorreu. Lembro de Obama pousando a mão sobre um livro. Não interessa se presidente prestou juramento sobre a Constituição Americana, sobre a Bíblia ou sobre o livro de ponto da Winchester Arms Company. O que realmente marcou "te prepara, nega" foi o olhar trocado com Michelle. Obama e Michelle visivelmente se amam.  

Apesar do baixo astral dos republicanos e das guerras e encrencas ao redor do mundo, o sex apeal do casal serve – imagino que sim - como injeção de ânimo no dia a dia da população. O jogo de sedução explícito praticado pelo presidente e pela primeira-dama decerto estimula a economia e a imaginação dos americanos. Inspirados pelos lençóis da Casa Branca, um grande contingente da população deve sentir-se apto a produzir, consumir, e pagar mais impostos. Como se a nação, junto com Obama e Michelle, participasse de uma dança do acasalamento coletiva. 

O presidente e a primeira dama funcionam como arquétipos em carne e osso. Eles são os E.U.A. Às vezes isso acontece  – vide JFK e Jaqueline – como se o casal não somente incorporasse o tempo em que vive, mas de alguma forma influenciasse as febres, os humores, os usos e costumes de milhares de cidadãos. O país os reflete e vice-versa. São uma coisa só. Uma marca.

Nesse mundo que voa pelos ares, onde as pessoas copulam, rezam e defecam na frente das câmeras,onde Pedro Bial ganhou de Orwell, nada mais compatível com o casal número 1, nada mais sintomático de uma época do que o tesão midiático de Michelle e Obama.

Aí eu penso na Dilma. Penso na “presidenta” acuada e vaiada no Itaquerão. Penso no contingente enorme de brasileiros dependentes do bolsa-família. Penso que “sem tesão não há solução” e avalio que a máxima de Roberto Freire deve ter sofrido alguma mutação genética, e que o tesão dos brasileiros virou uma espécie de chester com asas de morcego.

Um gol contra.

Não existe petróleo suficiente nas profundezas dos nossos oceanos, não vejo força na terra nem debaixo d’água capaz de dar  uma quebradinha que seja, nem todo o sal do pré-sal é capaz de temperar ou ensejar um remelexo na figura paquidérmica de nossa “presidenta”.

Ela foi muito zoada no Itaquerão.  Bateu uma compaixão danada, uma compaixão doentia e cheia de hormônios descalibrados, eu que nunca fui  petista fiquei desolado de ver a "presidenta" vaiada desde o topete até a sambiquira. Era a mulher mais solitária do mundo. Creio que, depois da Dilma, os filólogos e os místicos terão de encontrar um novo significado para as palavras "carisma" e "tesão". Ou talvez tenham de acoplar esses dois termos, hoje tão deslocados e insossos, à palavra tristeza. Tristeza de um chester que voa com asas de morcego. Brasil, 2014.

 

FONTE:YAHOO